TDAH: Orientação Familiar


A família deve sempre buscar conhecimento sobre o transtorno para melhorar a convivência e estimular bons comportamentos na criança ou adolescente com TDAH. Os pais devem estimular a criança a realizar as tarefas propostas, procurando sempre destacar os acertos de seus filhos, dando ordens positivas, ao invés de punições.

Procurar conversar sempre com a criança ou adolescente sobre como está se sentindo. Aprender a controlar a própria impaciência. Estabeleça regras e limites dentro de casa, mas tenha atenção para obedecer-lhes também. Além disso, é importante elogiar o seu filho pelo comportamento positivo. Parabenize e agradeça quando ele fizer o que foi pedido. As crianças tendem a querer agradar os pais, apesar de que algumas, como as com TDAH, possam ter mais dificuldade na hora de fazer isso.

A incapacidade básica de prestar atenção, típica do TDAH, costuma gerar uma gama de comportamentos “mal vistos” dentro de um relacionamento familiar como parecer não ouvir o outro, não perceber os sentimentos do outro, não lembrar datas ou acontecimentos importantes, não dividir as tarefas da casa.

Sujeitos com TDAH são 30% mais imaturos e sensíveis e na maioria das vezes agem de modo infantil e pirracento.

O DSM-5- TR descreve o TDAH como um conjunto de sintomas de desatenção, hiperatividade e impulsividade que se manifestam por meio de um padrão persistente e frequente ao longo do tempo. Esses sintomas dizem respeito ao excesso de agitação, inquietação, falta de autocontrole, falar em demasia, interromper os outros, responder antes de ouvir a pergunta inteira, incapacidade para protelar respostas, como também distrair-se com facilidade, não prestar atenção a detalhes, dificuldade para memorizar compromissos, organizar e realizar tarefas, perder objetos, entre outros.

No âmbito familiar, esse transtorno é sentido como um fator que promove dificuldades no convívio e no dia-a-dia. Em casa, os pais acusam a criança de "não escutar", de não seguir regras e normas, de não conseguir completar as solicitações mais simples, de reagir com agressividade e de não tolerar frustração. O excesso de atividade motora, o alto nível de impulsividade evidenciada na antecipação das respostas e na inabilidade para esperar a sua vez, diante de um acontecimento, pode provocar, geralmente, um impacto negativo nas relações sociais e ou familiares e promover um alto nível de estresse com quem convive com a criança ou adolescente.

As interações familiares de pais e filhos que tenham o diagnóstico de TDAH são marcadas, frequentemente, por mais conflitos, sendo a vida da família caracterizada, geralmente, pela desarmonia e discórdia, impactando na qualidade de vida de todos os membros do núcleo familiar

Lamentavelmente, problemas de saúde mental são pouco divulgados em nossa sociedade, e pessoas com TDAH e familiares pagam um alto preço devido a este desconhecimento. E no caso do TDAH, onde pessoas acometidas agem assim por conta de um comprometimento neurobiológico, o fator que mais contribui para desentendimentos familiares, sem dúvida, é a falta de informação. Sem ela, o TDAH jamais será incluído entre as hipóteses diagnósticas em casos de sofrimento, depressão, ansiedade, pânico entre outros. 

Algumas pessoas com TDAH têm o pavio curto e são explosivos, impacientes, irritadiços e inconstantes. Quando estão de mau humor podem não controlar a raiva e agir desproporcionalmente à situação. A presença de tais características na mesma pessoa costuma dar a impressão de falta de amor e consideração pela família. A cabeça sempre cheia de pensamentos desorganizados dificulta o engajamento e o estabelecimento de harmonia. Em consequência, é comum serem percebidos como pessoas frias, insensíveis e egoístas características nada desejáveis em um relacionamento saudável.

As orientações para a família sobre déficit de atenção e hiperatividade são importantes para completar o tratamento. Algumas delas são:

  • Criar horários regulares na vida diária da criança;
  • Olhar nos olhos da criança quando falar com ela;
  • Ajudar a organizar o local de estudo, retirando materiais que possam distrair;
  • Oferecer um espaço de silêncio e calma para a criança dormir e estudar;
  • Oferecer outra atividade quando a criança começa a ficar agitada;
  • Dividir as informações e usar menos palavras para explicar algo;
  • Promover a socialização da criança com outras crianças, como forma de diminuir os sintomas do TDAH.


Todos os direitos reservados.

É proibida a reprodução deste artigo ou parte dele sem prévia autorização da autora. Lei nº 9.610 de 19/02/1998, com alterações dadas pela Lei nº 12.853, de 2013. 

Se usar cite a referência:

SOUZA NEVES, Regiane. Entendendo o Déficit de Atenção e a Hiperatividade.  Souza & Neves Edições. Clube de Autores. 1ª edição. São Paulo, 2021 (ISBN: 978-65-5392-523-6)