As birras e as crises podem parecer semelhantes à
primeira vista, especialmente quando o seu filho está a ter
uma, mas na verdade são muito diferentes entre si.
Crianças autistas também podem ter birras por
querem que suas vontades sejam obedecidas e
particularmente nos casos em que as crianças têm
problemas de processamento sensorial, ou falta de
autocontrole, as crises podem ocorrer.
Saber a diferença
entre uma birra e uma crise pode ajudá-lo a responder de
forma solidária e com sentido. É extremamente comum
que haja uma determinada associação e até mesmo uma
confusão entre a birra e a crise, sobretudo quando o
assunto é o Transtorno do Espectro Autista (TEA). Ambas
as situações costumam ser usadas para o mesmo caso,
mas é preciso esclarecer que isso não é correto. Existem
diferenças pontuais que especifica esses quadros.
Birras
A birra pode ser definida como um comportamento
originado de algum descontentamento, geralmente
acompanhado de choros, gritos e outras atitudes. Ela é
intencional e é usada estrategicamente para que a
criança, no caso, consiga algo que fora negada a ela.
Assim que o pequeno recebe o que ele desejava, a birra
acaba.
Uma criança pode fazer uma birra quando tenta
obter algo. Por exemplo, pode fazer uma cena quando
não pode jogar um jogo, ou pode gritar e espernear para
conseguir atenção. Não obstante este comportamento ser
aparentemente inapropriado, a criança faz uma birra por
uma razão e tem algum controle sobre ela. Pode parar o tempo necessário para garantir que alguém está lhe
dando atenção e voltar à birra assim que for o centro das
atenções. As birras tipicamente param quando a criança
consegue o que quer ou quando se percebe que não irá
conseguir o que quer agindo desta forma.
Crises
Uma criança pode ter uma crise quando se sentir
sobrecarregada de emoções e sentimentos que não
domina. As crises são normalmente resultado de uma
sobrecarga sensorial, quando o que acontece é
simplesmente haver informação em excesso para ser
processada pelo cérebro da criança. Para algumas das
crianças, um parque de diversões pode produzir
informação sensorial, incluindo cenários, sons e cheiros,
mais depressa do que a criança consegue processá-la.
Para outras crianças, a perspectiva de ter que tomar um
grande número de decisões pode provocar uma crise.
Para estas crianças, algo tão simples quanto
experimentar novas roupas para levar para a escola ou
fazer um teste importante pode causar uma crise.
Lidar com Birras e Crises
Birras e crises são diferentes, mas é preciso que
use uma abordagem semelhante com cada uma delas.
Para lidar com uma birra, reconheça os desejos do
seu filho sem ceder a eles. “Compreendo que você quer
mais doces. Vai poder comê-los após o jantar”. Depois o
ajude a usar uma forma de comunicar-se de forma calma
para conseguir o que quer. “Quando você tiver acabado de gritar e conseguir falar calmamente, me diz que tipo de
doce vai querer para sobremesa”.
Para lidar com uma crise, ajude o seu filho a
encontrar um lugar sossegado para se acalmar. Um
ambiente calmo da ao cérebro do seu filho a oportunidade
de ter um momento para processar a informação
sensorial. Convide-o a ir para um lugar tranquilo. Sente-se
calmamente com o seu filho e seja apenas uma presença
tranquilizadora. O objetivo final é reduzir a quantidade de
informação recebida pelo seu filho.
Quase todas as crianças fazem birras e muitas
delas, especialmente as que têm questões de
processamento sensorial, têm crises. Conhecer a
diferença entre estes dois comportamentos e saber como
lhes responder, pode ajudar os vossos filhos a ultrapassar
birras e crises.
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Se usar cite a referência:
SOUZA NEVES, Regiane. Transtorno do Espectro Autista: Conhecer, Diagnosticar, Intervir e Orientar. Souza & Neves Edições. Clube de Autores. 3ª edição. São Paulo, 2023 (ISBN: 978-65-5392-356-0)