Desenvolvimento Infantil
A infância é a etapa inicial da vida compreendida entre o nascimento e os 12 anos de idade. As experiências vividas nesse período são cientificamente reconhecidas por afetar profundamente o desenvolvimento físico, mental, social e emocional dos indivíduos, por toda vida. Por este motivo é considerada a fase mais importante da nossa vida.
Os especialistas em neurodesenvolvimento organizam a infância em três níveis:
1) Primeira Infância: de zero a três anos;
2) Segunda Infância: dos 03 aos 06 anos;
3) Terceira Infância: dos 06 aos 12 anos.
No entanto, é necessário lembrar que o período gestacional é o processo pelo qual dá início a formação do ser humano e por isso é importante termos as informações adequadas sobre este período. É durante a gestação que o ser humano desenvolve a integração sensorial. A parte sensorial começa a se desenvolver aos quatro meses de gestação. É nessa fase que o bebê começa a desenvolver todas as suas estruturas encefálicas responsáveis pelas conexões com o sistema sensorial. Sendo assim, já começa a adquirir suas primeiras sensações e aprendizagens.
Recém-nascido:
O desenvolvimento neurobiológico, neurocognitivo e neuropsicomotor são influenciados pela associação de fatores biológicos com a qualidade da estimulação ambiental. Entre os fatores biológicos de risco para o bom desenvolvimento, está a prematuridade, considerada como condição complexa para as alterações no desenvolvimento de ordem cognitiva, motora, comportamental e de processamento sensorial, que podem ser ocasionados pela imaturidade da estrutura neurológica e influenciados pelas experiências sensoriais agressivas presentes no ambiente.
Um recém-nascido é todo bebê que acabou de nascer e vai até a idade de 28 dias. Esse período é um momento de aprendizado e de conhecer o novo membro da família. O recém-nascido é um ser que deve ter atenção especializada.
A amamentação nos primeiros meses e a prática de uma alimentação balanceada e hábitos alimentares saudáveis durante toda a infância irão proporcionar um bom crescimento e desenvolvimento físico e intelectual, reduzindo os transtornos causados pelas deficiências nutricionais e evitando a manifestação da obesidade e outros distúrbios alimentares.
Primeira Infância:
A primeira infância compreende a fase dos 0 aos 3 anos e é um período crucial no qual ocorre o desenvolvimento de estruturas e circuitos cerebrais, bem como a aquisição de capacidades fundamentais que permitirão o aprimoramento de habilidades futuras mais complexas.
A criança aprende através das sensações e do ambiente, nesta fase acontecem as aprendizagens primitivas, ou seja, as primeiras aprendizagens reais, tudo o que a criança aprender nesta idade nunca mais irá esquecer. Esta é a idade onde se criam os primeiros esquemas mentais.
Uma primeira infância com cuidados, amor, estímulo e interação pavimenta o caminho para que a criança aproveite todo seu potencial. Nasce um adulto mais saudável e equilibrado. E floresce uma sociedade com os mesmos valores.
As pesquisas em neurologia mostram que a primeira infância é um período fundamental no desenvolvimento cerebral. Os bebês começam muito cedo seu aprendizado sobre o mundo que os cerca, desde os períodos pré-natal, perinatal (imediatamente antes e após o nascimento) e pós-natal.
Primeira Infância, é a época que o cérebro está em desenvolvimento mais intenso, mais aberto a novos aprendizados e, principalmente, é quando se constrói a base para o funcionamento do nosso cérebro ao longo de toda a vida.
Segunda Infância:
Na segunda infância podemos observar que as crianças crescem mais devagar em comparação com o estágio anterior, porém fazem enormes progressos no desenvolvimento e na coordenação muscular. Há avanços na capacidade de falar, pensar, lembrar, dentre outros. Esta é a fase que compreende a idade entre os 3 e 6 anos de idade.
A habilidade motora e os movimentos finos ficam mais precisos. Surge o comportamento egocêntrico, mas aumenta a perspectiva sobre os outros. A imaginação e a criatividade tornam-se mais apuradas para brincar e realizar atividades. Há melhora na linguagem e na memória.
Habilidades motoras na Segunda Infância:
Três anos de Idade: A criança ainda não é capaz de girar ou parar de repente (ou rapidamente); ela pode saltar uma distância de 35-60 cm; Consegue subir uma escada sem ajuda, alterando os pés.
Quatro anos de Idade: Nessa idade espera-se que a criança tenha um maior controle do ato de parar, arrancar e girar; Consegue saltar uma distância de 60-80 cm.
Cinco anos de Idade: Possui total controle nas habilidades de girar, arrancar e parar de forma efetiva em jogos; Pode correr e dar saltos à distâncias de 70 a 85-90 cm; Conseguem descer uma escada longa sem ajuda, alterando os pés.
Há uma melhoria nas habilidades motoras finas, assim como nas grossas (já explicadas acima). Uma evidência disso é o desenho da criança, que primeiro começa com formas geométricas irregulares e depois consegue ter maior domínio conseguindo assim desenhar com mais precisão essas formas. Entre os três e quatro anos a criança começa a utilizar sua imaginação na elaboração de desenhos, você pode notar alguns objetos do cotidiano dela que normalmente são desenhados numa junção de formas geométricas, disformes ou não. Somente entre os quatro a cinco anos de idade que a criança entra no estágio pictórico do seu desenvolvimento artístico, onde ela expressa melhor seu desenho de forma qualitativa.
Habilidades Motoras Finas: Habilidades físicas que envolvem os pequenos músculos e a coordenação olhos-mãos. Ex: Abotoar uma camisa, desenhar.
Terceira Infância:
Nesta fase a criança está vivenciando o terceiro estágio da infância. Neste estágio a criança está mais organizada física e mentalmente. A iniciativa e autonomia possibilitam a organização de atividades em torno de uma tarefa ou meta. Demonstra crescente responsabilidade. Esta é a fase que compreende a idade entre os 6 e 12 anos de idade.
A preferência pelo uso de uma das mãos surge nesse período. As habilidades motoras finas e gerais, melhoram. Na Terceira Infância, ocorre o chamado Estágio das operações concretas, mais ou menos dos 6 aos 12 anos: a criança já possui uma organização mental integrada, os sistemas de ação reúnem-se todos integradamente. Piaget fala em operações de pensamento ao invés de ações. É capaz de ver a totalidade de diferentes ângulos.
Conseguem ponderar seus atos mais autonomamente, pensando sobre eles e os avaliando em relação aos outros e aos seus efeitos. As amizades vão ficando mais baseadas em afinidades e compartilhamento de pensamentos e opiniões, substituindo as relações imediatas que se estabelecem ao acaso em outros momentos da infância.
Por volta dos sete ou oito anos de idade, as crianças passam a racionalizar os seus pensamentos e as suas crenças, procurando as razões, os porquês por detrás de um problema ou de um fato.
O senso crítico aos 11 anos de idade está mais acentuado e, portanto, os pais precisam ser coerentes com as punições e recompensas para não confundir a cabeça da criança. Nesse período o grupo de amigos precisa ser mais expandido além do grupo da escola. As brincadeiras ao ar livre, devem ser propiciadas.
Desenvolvimento da adolescência
Adolescência é o período de desenvolvimento durante o qual a criança dependente evolui para a vida adulta independente. Esse período começa, geralmente, por volta dos 12 anos e termina próximo dos 20 anos de idade. Durante a adolescência, a criança passa por intensas mudanças físicas, intelectuais e emocionais. A condução desse período é um desafio não só para os pais, mas também para professores e médicos.
No início da adolescência, as crianças começam a desenvolver a capacidade de pensamento abstrato, lógico. Essa maior sofisticação resulta em melhor percepção do eu e na capacidade de refletir sobre a própria existência. Por causa das muitas mudanças físicas visíveis da adolescência, essa autopercepção muitas vezes se transforma em autoconsciência, com um sentimento concomitante de estranheza. O adolescente também se preocupa com sua aparência física, atratividade e maior sensibilidade às diferenças entre colegas. Adolescentes também aplicam suas novas capacidades reflexivas a questões morais. Pré-adolescentes entendem o certo e o errado como fixo e absoluto. Adolescentes mais velhos muitas vezes questionam os padrões de comportamento e podem rejeitar as tradições—para consternação dos pais. Idealmente, essa reflexão culmina no desenvolvimento e interiorização do código moral do próprio adolescente.
À medida que os adolescentes se deparam com trabalhos escolares mais complexos, eles começam a identificar áreas de interesse e desinteresse, bem como pontos fortes e fracos relativos. Adolescência é o período durante o qual os jovens podem começar a considerar opções de carreira, embora a maioria não tenha um objetivo claramente definido. Pais e médicos precisam estar cientes da capacidade do adolescente, ajudá-lo a formular expectativas realistas e estar preparados para identificar empecilhos para o aprendizado e que necessitam de recursos, como dificuldade de aprendizado, problemas de atenção, problemas de comportamento ou ambientes inapropriados de aprendizagem.
Na adolescência, as regiões do encéfalo que controlam as emoções se desenvolvem e amadurecem. Essa fase é caracterizada por explosões aparentemente espontâneas que podem ser desafiadoras para pais e professores, que são as pessoas que frequentemente recebem o confronto. Adolescentes aprendem gradualmente a suprimir pensamentos e ações inadequados e substituí-los por comportamentos orientados a objetivos.
É justamente na adolescência que sintomas de transtornos comportamentais e de aprendizagem, que antes eram confundidos com comportamentos próprios da infância, ficam mais evidentes.
Marcos do desenvolvimento
Os marcos do desenvolvimento são um conjunto de habilidades que a maioria das crianças e adolescentes atingem em uma determinada idade. Os marcos ajudam pais, médicos e professores a perceber quando o desenvolvimento da criança não está acompanhando o esperado.
Os marcos do desenvolvimento podem ser divididos em quatro categorias:
Sócio emocional: capacidade de expressar emoções de forma eficaz, seguir regras e instruções e formar relacionamentos positivos e saudáveis.
Linguagem: capacidade de absorver e aprender a usar a linguagem e se comunicar com clareza.
Cognitivo: capacidade de pensar, aprender e resolver problemas.
Motor: capacidade de aprender habilidades motoras grossas e finas, como sentar, engatinhar, andar, jogar bola, subir em árvores, correr, escrever, recortar.
Se for detectado algum atraso no desenvolvimento, quanto mais cedo for diagnosticada a causa, melhores serão as intervenções. Os atrasos geralmente estão ligados aos transtornos do neurodesenvolvimento.
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Se usar cite a referência:
SOUZA NEVES, Regiane. A Infância é Prioridade: a importância do desenvolvimento bio-psico-social. Souza & Neves Edições. Clube de Autores. 1ª edição. São Paulo, 2022 (ISBN: 978-65-5392-766-7)