O Transtorno do Espectro Autista pode ser dividido em 3 níveis de suporte:
Nível 1 – Ainda conhecido como Autismo Leve (que necessita de suporte pouco substancial). É comum a pessoa apresentar um interesse diminuído nas interações sociais, e ter dificuldade em iniciar contatos com os outros, principalmente ao tentar fazer amizades. Em conversas, o autista deste nível pode dar respostas atípicas ou não conectadas com o assunto e até parar de responder. Por causa do foco intenso, a criança ou adulto autista neste quadro costuma ter dificuldade para trocar de atividades. A sua independência acaba sendo limitada por problemas com organização e planejamento.
Nível 2 – Ainda conhecido como Autismo Moderado (que necessita de suporte substancial). Nesta parte do espectro, o autista já demonstra déficits marcantes na conversação, com respostas reduzidas ou consideradas atípicas. As dificuldades de linguagem são aparentes mesmo quando a pessoa tem algum suporte, e a sua iniciativa para interagir com os outros é limitada. Os comportamentos atípicos interferem com o cotidiano da pessoa numa grande variedade de ambientes, e acontecem com frequência suficiente a ponto de serem óbvios para observadores casuais. O autista aqui chega a apresentar aflição para mudar o foco ou ação.
Nível 3 – Ainda conhecido como Autismo Severo (que necessita de suporte muito substancial). O indivíduo de baixo funcionamento apresenta dificuldades graves no seu cotidiano, com uma resposta mínima a interações com outras pessoas e a iniciativa própria de conversar muito limitada. O indivíduo neste ponto do espectro tem uma dificuldade extrema de lidar com mudanças, no geral sentindo grande aflição quando precisa trocar de atividades. Os seus comportamentos repetitivos já interferem marcadamente em todas as esferas da sua vida.
A diferença na intensidade dos sintomas do autismo, além da presença de outras condições associadas, como a DI, o TDAH, o TOD, o mutismo, por exemplo, são os principais fatores considerados pelos especialistas em TEA na hora de montar o tratamento de um paciente.
Cada pessoa com autismo também vai se desenvolver no seu próprio ritmo e cada família vai lidar com o cotidiano do distúrbio do seu jeito. Todo este conjunto vai influenciar como cada autista se relaciona, se expressa e se comporta.
Em grande parte da literatura sobre este tema, muito se fala da criança autista, mas esquece-se que a criança cresce e sendo o autismo não curável, logo teremos adultos autistas com ou sem diagnósticos, por este motivo é necessário entender a fundo suas características a fim de promover informações adequadas, bem como diagnósticos e intervenções efetivas.
As pessoas com autismo podem ter uma sensibilidade muito diferente das pessoas com desenvolvimento típico com relação aos estímulos sonoros, olfativos, gustativos, visuais e ao tato. É comum elas colocarem as mãos nos ouvidos frente a alguns ruídos, e em festinhas podem ficar extremamente desorganizadas na presença de balões estourando e de palmas na hora de cantar parabéns. Pessoas com autismo podem também explorar situações novas (objetos ou pessoas) utilizando o olfato (cheirando) e gustação (lambendo). Em relação ao tato, muitas vezes não conseguem tolerar certas texturas de roupa e podem parecer sentir menos dor que as outras crianças. Muitos indivíduos com autismo apresentam uma seletividade alimentar, ou seja, eles escolhem apenas alguns tipos de comida para ingerir e essa escolha muitas vezes é pela consistência (só alimentos pastosos, líquidos), pela cor (só alimentos vermelhos) ou pelo paladar. Alguns autistas apresentam problemas para assimilar cores, na verdade pode ser que uma cor ou outra cause irritação ocular (independente da intensidade da cor), pode causar um desconforto ao olhar e isso faz com que tenha um comportamento atípico e queira se livrar da cor, batendo, arranhando etc. Também apresentam dificuldade no processamento do som, em alguns casos pode demorar segundos para que internalize o som da fala de alguém, por isso é importante falar com o autista de forma clara, objetiva e se possível bem próximo dele, mesmo assim pode demorar alguns segundos para ele responder ao chamado.
Os muitos sinais de alerta já indicam que não existe “A” criança ou “O” adulto autista, no sentido delimitado de quadro sintomático. Portanto, não existe “a” intervenção que funcione para todos. Pois, cada autista é um autista único e se desenvolve de forma singular. As medicações, quando necessárias, são utilizadas para tratamento dos sintomas periféricos que podem estar associados com o quadro (insônia, hiperatividade, ansiedade, espasmos psicomotores que podem levar a um comportamento "agressivo") e até o momento não existem medicações para o tratamento dos sintomas centrais do quadro.
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Se usar cite a referência:
SOUZA NEVES, Regiane. Transtorno do Espectro Autista: Conhecer, Diagnosticar, Intervir e Orientar. Souza & Neves Edições. Clube de Autores. 3ª edição. São Paulo, 2023 (ISBN: 978-65-5392-356-0)