Autismo e Diagnóstico



Na maioria dos casos, os primeiros a verificar algo de errado com o desenvolvimento da criança são os pais. No entanto, na escola também é muito possível que as suspeitas sejam levantadas. No caso do adulto, ele mesmo percebe que há algo errado e principalmente quando aparece o diagnóstico de alguém da família (filho, sobrinho, etc) é que ele procura se autoconhecer e buscar o diagnóstico. 

No caso da criança, há também as situações de autismo regressivo e autismo súbito, onde a criança tem um desenvolvimento normal até aproximadamente 18 meses e depois começa a demonstrar sinais de autismo, perda de habilidades ou atraso no desenvolvimento. Por isso, é de extrema importância a atenção aos marcos do desenvolvimento. 

Todos os marcos devem estar presentes no período estimado. Os critérios de diagnóstico de TEA são descritos pela American Psychiatric Association (APA) em seu Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais (DSM-5-TR). Profissionais qualificados fornecem esses diagnósticos quando os sintomas de TEA (interação social e comunicação social e comportamentos repetitivos) estão presentes em faixas inapropriadas para a idade e o nível de desenvolvimento da criança. 

O TEA é diagnosticado quando todos esses sintomas estão presentes em algum grau. Um diagnóstico também inclui uma especificação de gravidade. Especificamente, profissionais qualificados usarão as informações coletadas durante a avaliação diagnóstica para indicar o nível de suporte que um indivíduo com TEA necessita: Nível 1 que requer suporte, Nível 2 que requer suporte substancial, Nível 3 que requer suporte muito substancial. 

As diretrizes de melhores práticas identificam os componentes a seguir de uma avaliação abrangente do diagnóstico do autismo. No CID 11, Classificação Estatística Internacional de Doenças e Problemas Relacionados à Saúde, consideram-se como TEA os seguintes diagnósticos: 
  • 6A02 – Transtorno do Espectro do Autismo (TEA);
  • 6A02.0 – Transtorno do Espectro do Autismo sem deficiência intelectual (DI) e com comprometimento leve ou ausente da linguagem funcional; 
  • 6A02.1 – Transtorno do Espectro do Autismo com deficiência intelectual (DI) e com comprometimento leve ou ausente da linguagem funcional; 
  • 6A02.2 – Transtorno do Espectro do Autismo sem deficiência intelectual (DI) e com linguagem funcional prejudicada; 
  • 6A02.3 – Transtorno do Espectro do Autismo com deficiência intelectual (DI) e com linguagem funcional prejudicada; 
  • 6A02.4 – Transtorno do Espectro do Autismo sem deficiência intelectual (DI) e com ausência de linguagem funcional; 
  • 6A02.5 – Transtorno do Espectro do Autismo com deficiência intelectual (DI) e com ausência de linguagem funcional; 
  • 6A02.Y – Outro Transtorno do Espectro do Autismo especificado; 
  • 6A02.Z – Transtorno do Espectro do Autismo, não especificado. 
O diagnóstico se faz pelo quadro clínico, conforme critérios estabelecidos pelo DSM-5-TR e pela CID 11, sendo que os instrumentos de triagem, de diagnóstico e escalas de gravidade podem auxiliar na avaliação e em sua padronização internacional. Atende os seguintes critérios diagnósticos com base no DSM-5-TR: 
  • Critério A – Déficits persistentes na comunicação social e na interação social em múltiplos contextos: 1. Déficits na reciprocidade socioemocional; 2. Déficits nos comportamentos comunicativos; 3. Déficits para desenvolver, manter e compreender relacionamentos. 
  • Critério B – Padrões restritivos e repetitivos de comportamento, interesses ou atividades: 1. Estereotipias; 2. Insistência nas mesmas coisas; 3. Interesses fixos (hiperfoco); 4. Hiper ou hiporreatividade a estímulos sensoriais. 
  • Critério C – Os sintomas devem estar presentes precocemente no período do desenvolvimento, porém eles podem não estar totalmente aparentes até que exista uma demanda social para que essas habilidades sejam exercidas, ou podem ficar mascarados por possíveis estratégias de aprendizado ao longo da vida. 
  • Critério D – Esses sintomas causam prejuízos clínicos significativos no funcionamento social, profissional e pessoal ou em outras áreas importantes da vida no presente. 
  • Critério E - Esses distúrbios não são bem explicados por deficiência cognitiva e intelectual ou pelo atraso global do desenvolvimento.

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Se usar cite a referência:

SOUZA NEVES, Regiane. Transtorno do Espectro Autista: Conhecer, Diagnosticar, Intervir e Orientar. Souza & Neves Edições. Clube de Autores. 3ª edição. São Paulo, 2023 (ISBN: 978-65-5392-356-0)